Posicionamento ideal no que concerne à definição do conceito de “Intervenção Educativa”.

« Partindo do princípio de que o desenvolvimento humano emerge da interacção entre o indivíduo e o ambiente (meio social, cultural, relações humanas e sociais) e, que a cultura mais não é que um conjunto de significados apreendidos e internalizados pelo individuo e em compartilhamento com seu grupo, podemos entender que uma intervenção educativa pressupõe um aquisição de significados e/ou uma melhor definição de alguns significados pré-existentes, através da mediação de um adulto/educador, criando uma espécie de “placas” de conhecimento que se vão sobrepondo, complementando-se e/ou acrescendo conhecimentos, em forma de andaimes (scalffolding), de modo a que as aprendizagens se constituam progessiva e continuamente, como dimensão (re)construtiva do ser e do saber. É importante que a relação criança-professor/educador se postule por uma compreênsão compartilhada de perspectivas mútuas, promovendo a transferência de habilidades, no apoio dado às actividades das crianças, jovens ou adultos e na colaboração do uso de formas de mediação (materiais de apoio ao desenvolvimento da aprendizagem) de onde irão emergir, ao longo de todo o processo de intervenção, também competências humanas, afectivas de confiança e liberdade. Numa Intervenção Educativa é sobremaneira importante o conhecimento e identificação das características e especificidades de cada indivíduo como um todo e, eventuais dificuldades de aprendizagem, actuando o pedagogo para tornar o ensino democrático para todos os alunos, assegurando a qualidade da aprendizagem num contexto escolar inclusivo».

2 - Considerando o conceito de “intervenção educativa” acima referido... realço a extrema importância do perfil para um bom pedagogo, para o pleno sucesso educativo, aberto e inclusivo. Destaco um conjunto de seis indicadores que de modo generalizado mas de certa forma abrangente, operacionalizam as dimensões de competências desejáveis a um bom profissional de pedagogia educativa:

- abertura ao conhecimento recíproco e bireccional, de entendimento e compreênsão do outro como um todo em si mesmo, promovendo a autonomia dos alunos e a sua plena inclusão social;

- versatilidade e actualização de métodos e técnicas padegógicas de ensino, incorporando nas actividades de apoio à aprendizagem, linguagens e suportes diversificados e adaptados aos alunos e às suas especificidades pessoais e grupais;

- espírito colaborativo/cooperativo embuído de competencias de democracia e cidadania evidenciando valores de solidariedade, igualdade e liberdade;

- disponibilidade afectiva na dimensão relacional com os alunos, promovendo a confiança mútua, a amizade, a liberdade de expressão e o trabalho cooperativo aluno-professor e aluno e seus pares, assim como detectando e fazendo o devido acompanhamento a crianças e jovens com necessidades educativas especiais;

- criatividade proporcionando aos alunos as vivencias experiênciais necessárias a um saudável desenvolvimento social, psicológico e cognitivo;

- o papel de orientador-moderador dando “espaço” a uma ZDP traduzida na colocação de andaimes do conhecimento, promotora do auto-conceito e do controlo da própria aprendizagem por parte das crianças. Desta forma o professor incorpora na sua própria formação e experiência, a prática, a investigação e o desenvolvimento das suas competências pessoais e profissionais.

Maria Isabel Almeida, 2010 - estudo sobre "Intervenção Educativa em Grupos Específicos".