quarta-feira, 15 de agosto de 2012






Eduardo Sá deixa uma mensagem para os pais e encarregados de educação:
“Os pais são seguramente muito melhores do que eles imaginam. Muitas vezes, há uma atmosfera no ar que eu não compreendo; é uma atmosfera alarmada que muitas vezes mostra perigos onde eles não existem, e eu gostava muito que os pais percebessem isso: que são os melhores pais que a humanidade já conheceu, não se demitam e escutem muitas vezes o vosso coração”.
Para o professor e pedopsiquiatra existem três regras importantes na educação de uma criança: “o mais tempo possível de colo, autoridade e autonomia, porque crianças 
autónomas são crianças saudáveis”.
Para Eduardo Sá, as crianças da sociedade actual são “mais intensas”.
Seguem excertos de uma entrevista fantástica que deu ao Jornal "as beiras":

Disse um dia que as crianças estão em vias de extinção…
Estão. Não digo isso pelo facto de o Governo e a oposição as terem transformado numa espécie de conta poupança reforma. Acho até divertido que se fale de tudo e mais alguma coisa nas várias campanhas – presidenciais incluídas – e as questões das crianças e a política de fundo para a família nem sequer exista. Portanto, o que é que a mim me preocupa? Preocupa-me esta ideia complemente absurda de crescimento, que dá a entender que as crianças têm que ser jovens tecnocratas de fraldas antes dos seis, têm que ser jovens tecnocratas de mochila depois dos seis e têm que ser jovens tecnocratas de sucesso ao entrarem na universidade para que, finalmente – como se fosse uma linha de montagem –, saíssem todos mestres. Mestre é a designação mais vergonhosa que eu já vi para um título académico, porque é uns títulos que reconhecemos aos sábios.

Andamos a enganar os jovens?
Isto é o cúmulo da publicidade enganosa. Explicar a miúdos com 22 e 23 anos que são 
mestres, de maneira a esperar que eles sejam, de preferência, ídolos antes dos 30… Anda 
toda a gente num registo eufórico e doente, que não percebe que as pessoas precisam de 
tempo para crescer. Acho engraçadíssimo quando dizem com orgulho que no jardim-de-
infância há crianças que já sabem ler e escrever, mas não é isso que as torna mais sábias. 
Às vezes, as pessoas confundem macacos de imitação com crianças sábias. Acho 
engraçadíssimo quando as crianças não podem errar – eu julgava que errar era aprender. 
Mas não: as crianças têm que ter notas que são insufladas sabe Deus pelo quê. Vivem 
empanturradas em explicações. Se os pais puderem utilizar todo o tempo que a escola 
coloca ao serviço das famílias, elas podem passar 55 horas por semana na escola… Estamos a espatifar a infância das crianças, a espatifar a adolescência e, depois, com um olhar absolutamente cândido, dizemos que elas têm défices de atenção.




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