Eduardo Sá deixa uma
mensagem para os pais e encarregados de educação:
“Os pais são
seguramente muito melhores do que eles imaginam. Muitas vezes, há uma atmosfera
no ar que eu não compreendo; é uma atmosfera alarmada que muitas vezes mostra perigos onde eles não existem, e eu
gostava muito que os pais percebessem isso: que
são os melhores pais que a humanidade já conheceu, não se demitam e escutem
muitas vezes o vosso coração”.
Para o
professor e pedopsiquiatra existem três regras importantes na educação de uma criança:
“o mais tempo possível de colo, autoridade e autonomia, porque crianças
autónomas
são crianças saudáveis”.
Para Eduardo Sá, as
crianças da sociedade actual são “mais intensas”.
Seguem
excertos de uma entrevista fantástica que deu ao Jornal "as beiras":
Disse um dia que as crianças estão em vias de extinção…
Disse um dia que as crianças estão em vias de extinção…
Estão. Não digo isso
pelo facto de o Governo e a oposição as terem transformado numa espécie
de conta poupança reforma. Acho até divertido que se fale de tudo e mais alguma coisa nas
várias campanhas – presidenciais incluídas – e as questões das crianças e a política
de fundo para a família nem sequer exista. Portanto, o que é que a mim me preocupa?
Preocupa-me esta ideia complemente absurda de crescimento, que dá a
entender que as
crianças têm que ser jovens tecnocratas de fraldas antes dos seis, têm que ser jovens tecnocratas
de mochila depois dos seis e têm que ser jovens tecnocratas de sucesso ao entrarem
na universidade para que, finalmente – como se fosse uma linha de montagem –, saíssem
todos mestres. Mestre é a designação mais vergonhosa que eu já vi para um título académico,
porque é uns títulos que reconhecemos aos sábios.
Andamos a enganar os jovens?
Isto é o cúmulo da
publicidade enganosa. Explicar a miúdos com 22 e 23 anos que são
mestres,
de maneira a esperar que eles sejam, de preferência, ídolos antes dos 30… Anda
toda a
gente num registo eufórico e doente, que não percebe que as pessoas precisam de
tempo para
crescer. Acho engraçadíssimo quando dizem com orgulho que no jardim-de-
infância
há crianças que já sabem ler e escrever, mas não é isso que as torna mais sábias.
Às vezes,
as pessoas confundem macacos de imitação com crianças sábias. Acho
engraçadíssimo
quando as crianças não podem errar – eu julgava que errar era aprender.
Mas não:
as crianças têm que ter notas que são insufladas sabe Deus pelo quê. Vivem
empanturradas
em explicações. Se os pais puderem utilizar todo o tempo que a escola
coloca ao
serviço das famílias, elas podem passar 55 horas por semana na escola… Estamos a
espatifar a infância das crianças, a espatifar a adolescência e, depois, com um olhar absolutamente
cândido, dizemos que elas têm défices de atenção.
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